10 de setembro de 2005

Anotações em Tomamoenga

Aproxima-se o Grande Dia do Chá Verde. Segundo Al-Barmuran, o guia que me acompanha nesta expedição, toda a gente, pela ocasião mencionada, ao ouvir o ribombar de tambores, irá abrir as portas de colmo das cabanas, estentendo uma malga aos Homens do Bule, que encherão cada uma até metade. Na presença de um Homem do Bule, profere-se: "Mamã minha, vou purificar-me outra vez!" De imediato, o Homem do Bule replica, com as seguintes palavras: "Mamã, como poderia resistir-te?", e aproxima o bule das bocas, para que este seja beijado. A seguir, desaparece, aos giros, numa espécie de partida bailada, símbolo da leveza do sustentável ser. Por fim, e de um só trago, bebe-se a poção, à qual é permitido adicionar açúcar apenas excepcionalmente, isto é, caso se esteja calçado com botas de couro brancas até aos joelhos. Referi a Al-Barmuran que não suporto tisanas sem açúcar e perguntei-lhe se, eventualmente, as minhas caligas não passariam por botas de couro brancas, ademais considerando que tenho a pele clara, ao que prontamente se saiu com esta tirada de humor, ainda que com o semblante sóbrio: "Eu empresto-lhe as minhas botas de couro brancas até aos joelhos, sim, mas na condição de você não escrever coisas ridículas".

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